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Estudo de caso

Como uma cultura organizacional sólida pode levar ao crescimento estável do seu negócio?

Título sobre fundo azul: Company Culture: How can it drive long-term business growth

A cultura organizacional é a base que guia uma empresa nos mais diversos âmbitos, abrangendo desde o critério de seleção de funcionários e sua retenção, até as tomadas de decisão dos cargos de liderança. O tema é o assunto da nossa segunda Live Session do mês de julho, que conta com a presença de Monali Shah, People Partner Manager na Waymo. A empresa, focada no desenvolvimento de tecnologia para carros autônomos, faz parte da Alphabet, holding e conglomerado que abrange o Google e todas as empresas que foram pertencentes ou vinculadas a ele.

Monali é uma das mentoras do Startup Advisors Summit 2020 e atua como consultora focada em ajudar líderes a construir e escalar empresas por meio da atração e retenção de talentos. Neste bate-papo, ela compartilha sua experiência com relação à construção de uma sólida cultura organizacional e fala da importância que isso tem para o crescimento estável de um negócio. Confira abaixo os principais pontos discutidos durante a Live Session. Para assistir à conversa completa, o vídeo está disponível ao final do texto.

O conceito de cultura

Por definição, cultura configura o conjunto de valores, atitudes, objetivos e práticas que caracterizam uma instituição ou organização. "A cultura de uma empresa é intangível e intrínseca. Não é algo que você pode tocar, mas sentir e experienciar no dia a dia da empresa", analisa Monali no começo de sua apresentação.

A construção de uma cultura sólida é similar à hierarquia de necessidades da Pirâmide de Maslow – conceito psicológico que categoriza as necessidades humanas por ordem de importância: fisiologia, segurança, relacionamentos, estima e autorrealização. Essa construção se baseia em: confiança, respeito, segurança psicológica – algo que é muito difundido e estudado dentro da cultura do Google –, desafio ao status quo, colaboração e aprendizado.

"Desafiar o status quo significa ser curioso, olhar o que está lá fora que pode ser feito aqui dentro. Isso se conecta aos pilares de colaboração e aprendizado", complementa Monali ao explicar que cultura é uma constante negociação. Quando uma empresa contrata um funcionário, está automaticamente incorporando os valores e crenças dele aos seus e, por isso, é importante entender como esses aspectos podem trabalhar juntos e o que pode e deve ser negociado. "Um CEO precisa estar atento como e o que negociar", conclui.

Dentro da cultura do Google, um dos pilares não negociáveis é a capacidade de colaboração. É mais importante que um funcionário tenha maior aptidão em colaborar com as pessoas ao seu redor do que em preencher os pré-requisitos técnicos de uma determinada habilidade ou competência, por exemplo.

Culture add x Culture fit e os valores da cultura organizacional

As duas divisões mais comuns dentro de uma cultura organizacional são culture add e culture fit. Enquanto a primeira busca por talentos que valorizam e admiram os padrões culturais de uma empresa e que têm algo novo para acrescentar, a segunda busca manter o conforto e familiaridade desses padrões, sem modificar o que está funcionando.

"Os dois mindsets são essenciais dentro de uma cultura organizacional, mas, para uma startup que está começando, culture fit se mostra mais importante para começar a construir e estruturar seus times", explica Monali.

Outro ponto importante é que a cultura organizacional de uma empresa pode sofrer algumas variações que dependem das funções das equipes e até mesmo da localização de alguns escritórios. Mas são essas pequenas diferenças que vão torná-la tão única e autêntica para quem a vivencia.

A cultura da inovação

Em 2001, quando Larry Page decidiu estabelecer a cultura organizacional do Google, ele e o seu time chegaram a três elementos básicos que pautam, até hoje, os critérios de seleção e tomada de decisão dentro da empresa: Don't be evil, Innovation e Googliness.

Dentro do primeiro elemento, Don't be evil [do inglês, não seja mau], foram estabelecidas três perguntas básicas que todo Googler deve se fazer: isso é bom para os nossos usuários? É bom para nossos clientes e parceiros? Vai transformar a indústria? A resposta para todas elas deve resultar em um objetivo comum: fazer bem para o mundo.

O segundo elemento que pauta a cultura Googler é Innovation [inovação], baseada nos seguintes valores:

  • Curiosidade: constantemente questionar as coisas, se elas funcionam e se poderiam ser diferentes.

  • Agência: ativamente envolver as pessoas nas tomadas de decisões importantes e permitir que elas façam suas próprias escolhas.

  • Colaboração: ferramentas que facilitem o trabalho em equipe, tanto online quanto offline.

  • Capacidade de correr riscos: coragem para se arriscar e estar preparado para falhar.

"No Google, celebramos as falhas. Inclusive, até as encorajamos, porque sabemos que criar e inovar não trazem garantia de que algo vai dar certo, mas é preciso arriscar para saber", explica Monali.

O Googleyness, terceiro e último pilar da cultura Google, diz respeito ao conjunto de qualidades que a empresa busca ao contratar alguém. "Significa uma pessoa que é humilde, curiosa e consciente. Que busca por ambivalência e ama aprender", complementa.

PiLab: onde os recursos humanos se juntam à ciência

O Google conta com um time analítico voltado a estudar as pessoas que fazem parte da organização, buscando gerar insights para aprimorar cada vez mais a cultura da empresa. Assim, são conduzidos experimentos controlados dentro do ambiente de trabalho e, dessa forma, é possível chegar a conclusões sobre as melhores formas de se gerenciar equipes.

"O PiLab estuda as pessoas das mais variadas áreas do Google para conseguir determinar o que significa ter uma experiência de trabalho, no mínimo, satisfatória", Monali explica. O time faz uma investigação apurada do que é um ambiente de trabalho produtivo, quais são os benefícios que atraem e retêm funcionários, dentre outros assuntos importantes, como questões relacionadas à saúde.

Outro achado importante do time de PiLab foi entender que Googliness é uma habilidade em constante evolução dentro da empresa e que isso encoraja um comportamento de cidadania, que é diretamente influenciado por um bom clima de trabalho.

A cultura Google

Além dos elementos já citados, a cultura do Google foi evoluindo ao longo dos anos para chegar onde está. "O Google é o Google por causa das pessoas que trabalham dentro dele", disse Monali ao parafrasear Eric Schmidt, um dos executivos da Alphabet. Isso ocorre porque todo Googler se sente dono da empresa, e tem autonomia para trabalhar em um projeto pessoal que acredite ser útil para a empresa.

O Google também investe em um ambiente físico de trabalho que incentive a descontração de forma a inspirar a criatividade e o pensamento fora da caixa. Além disso, todas as ideias são compartilhadas com toda a organização e a transparência e a confiança, dois elementos imprescindíveis para o sucesso de uma cultura organizacional, são constantemente promovidas.

É possível assistir à Live Session (em inglês) completa abaixo.

Saiba mais sobre o Startup Advisors Summit