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2020: Um ano em que se reinventar foi a regra

2020: um ano em que se reinventar foi regra

Quando 2020 começou, as expectativas eram grandes. Tínhamos muitos planos para tirar do papel quando a pandemia nos pegou de surpresa, trazendo uma consequência até então inimaginável: o fechamento do nosso Campus em São Paulo, seguindo o que já havia acontecido nos demais países onde o Google for Startups está presente fisicamente. Sem o nosso prédio, que era o ponto de encontro entre startups e mentores, como faríamos para manter o nosso propósito em um ambiente imaterial?

A partir deste questionamento vimos a oportunidade de oferecer outras possibilidades aos empreendedores. Transformar digitalmente uma experiência presencial sem que ela perdesse o valor para as equipes foi um desafio muito grande. Mas isso não significa que os empreendedores que passaram pelos nossos programas online tenham tido uma experiência menos enriquecedora. Pelo contrário, acreditamos que as startups que estiveram com a gente ao longo de 2020 não só cresceram, como souberam aproveitar muito bem a oportunidade de interagir com o Google e todos os nossos especialistas.

E essas transformações tiveram resultados concretos. Entre abril e novembro, por exemplo, as 10 startups participantes do Programa de Residência conseguiram gerar 63 novos empregos, captaram mais de 32 milhões de reais em rodadas de investimento e o crescimento médio dos negócios foi de 116%. As startups participantes das três turmas de Google for Startups Accelerator que realizamos este ano focaram em como obter significativos ganhos de eficiência, aumentar a produtividade das equipes e reduzir significativamente seus custos de operação e infraestrutura. Um bom exemplo disso é a Neomed, plataforma que facilita a integração entre clínicas, hospitais e médicos para facilitar o processo de laudos de exames de métodos gráficos, reduzindo o tempo que um paciente espera para obter seus resultados e diagnóstico. Participante da 5a turma, a empresa diminuiu o tempo do processamento dos dados em 97,5%, reduziu gastos e conseguiu aumentar seu faturamento em 130%.

Apesar de todos os contratempos e da falta da conexão presencial, 2020 foi, sem dúvida, um grande ano para a nossa comunidade. Fomos capazes de trabalhar com mais startups de todos os cantos do Brasil e pudemos conectá-las ao conhecimento e expertise de mentores do mundo todo. A oportunidade de ressignificar e inovar estava lá, e nós a abraçamos como nunca.

Em 2020, 88 novas startups entraram na rede do Google for Startups.

2020 também foi o ano de inovar

No fim das contas, fizemos tudo aquilo que poderíamos em 2020. Enquanto três dos nossos programas – Startup Zone, Accelerator e Residência – tiveram que passar por uma adaptação total, outro programa já nasceu online: o Growth Academy. Com o objetivo de apoiar startups a escalarem seus negócios de forma sustentável, o programa veio para o Brasil com a proposta de capacitar líderes de growth em frameworks e estratégias comprovadas e apoiar na sua aplicação prática por meio de mentorias personalizadas.

Na sua primeira edição, apoiamos 16 líderes de growth de oito startups em estágio de escala, de diferentes setores da indústria. Entre elas a fintech Cora, um banco digital para pequenas e médias empresas, que por meio de melhorias no fluxo de conversão, otimização das comunicações de email marketing e pesquisa, observou um aumento da taxa de aquisição de clientes em 100%. Também contamos com a participação da Sanar, uma plataforma de estudos online para futuros profissionais de saúde, que por meio da criação de novo mecanismo de referência, aumentou a sua taxa de conversão de trials da plataforma em 326%.

Demos também o nosso primeiro grande passo rumo à equidade racial com o Black Founders Fund, motivados pela clara lacuna de empreendedores negros no ecossistema de inovação brasileiro. No próprio Campus – antes do fechamento temporário do espaço – era possível ver isso. Temos uma base de cerca de 150 mil membros cadastrados para acessar o nosso prédio e, dentre estes, existem nove vezes mais fundadores de startups que se autodeclaram brancos do que negros. Levando isso em consideração, lançamos a iniciativa para investir recursos financeiros, sem qualquer contrapartida ou participação societária, em startups fundadas e lideradas por empreendedores negros e negras no Brasil.

Anunciamos, em setembro, as três primeiras startups a serem investidas pelo fundo, e fechamos o ano com mais seis negócios inovadores recebendo o investimento, gerando maior visibilidade para a comunidade afroempreendedora do Brasil.

Na nossa rede de startups alumni, chegamos à marca de 18 casos de exits bem sucedidos. Essa "saída" pode significar que um fundador, sócio ou investidor entregou seu percentual da empresa em troca de uma quantia de dinheiro ou na abertura de capital, ou na venda da startup para uma empresa maior. Este é o caso da Toro, fintech de Belo Horizonte fundada há 10 anos, focada em educar e ajudar pessoas a investirem melhor, e que foi adquirida por um grande banco em 2020 (operação ainda aguardando a aprovação pelos órgãos reguladores), dando um grande passo em sua trajetória.

Conteúdo para todo o ecossistema, com mais de 20 Live Sessions entregues.

Novo ano, novos desafios

Tudo isso nos leva à maior lição que 2020 trouxe para o ecossistema: resiliência. Nenhum de nós estava preparado para viver o que esse ano reservava. A capacidade de adaptação e velocidade de resposta foram os atributos mais exigidos para que as lideranças e seus times conseguissem navegar águas tão turbulentas. Todos passaram por algum tipo de provação e encerram este ano ainda mais fortalecidos, sem sombra de dúvidas.

Se em maio e junho estávamos tentando entender a dimensão dessas mudanças, desse período em diante todos passaram a compreender que elas vieram para ficar. As grandes empresas se perceberam como sobreviventes em um mercado modificado, com novos usuários que adquiriram novas necessidades, as quais estão muito mais nítidas a partir de agora. Buscar formas de antecipar mudanças é a nova tendência.

As empresas e líderes que atuam no mercado serão cada vez mais provocados a agir e responder, não a reagir.

O que passamos esse ano não foi nada fácil, mas também não foi à toa. As empresas e líderes que atuam no mercado serão cada vez mais provocados a agir e responder, não a reagir. Enquanto algumas startups enxergaram oportunidades para crescer e se estabelecer, outras viram seu negócio sucumbir ao impacto econômico causado pela pandemia. Mas isso não significa que o sonho tem que acabar.

Com essas transformações no comportamento e nos hábitos de consumo, existem inúmeras chances de recomeçar. As mudanças criam campos de oportunidade para as startups. E, nessa transição de ano, podemos pegar carona no anseio por novos começos para respirar fundo e iniciar novas jornadas. Esperamos poder reabrir o Campus em breve para rever muitos de vocês mas, independente disso, tenho a certeza de que seguiremos conectados uns aos outros e, sem dúvida alguma, mais próximos do que nunca. Então, nos vemos em 2021!

Feliz Ano Novo!