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Estudo de caso

Investimento, finanças e a crise: Preparando a sua startup para o que está por vir

Título do post: Investimento e finanças: prepare a sua startups para o que está por vir, com Manoel Lemos, da Redpoint eventures, e Rodrigo Dantas, da Vindi

[Tempo de leitura: 7 minutos]

A pandemia da COVID-19 tornou os mercados mais voláteis e incertos, e muitas startups começaram a se perguntar como ficam os investimentos e finanças nesta crise. O Google for Startups promoveu uma Live Session para discutir o cenário de funding atual, com participação de Manoel Lemos, sócio-diretor da Redpoint eventures – fundo brasileiro de Venture Capital criado com empresas do Vale do Silício –, e Rodrigo Dantas, fundador da Vindi – plataforma de pagamentos focada na indústria de serviços e assinaturas.

Com muitos anos de mercado e grandes empresas no currículo, Lemos foi Diretor de Mídia Digitais da Abril Media; CEO e cofundador da WebCo, empresa de desenvolvimento de produtos Web 2.0.; e criador do BlogBlogs, indexador mundial de blogs escritos em português. Já Vindi dedica sua carreira à transformação digital para levar a Economia da Recorrência a mais empresas brasileiras, e é também investidor anjo de startups como IDwall, WallJobs e Aceita, e anteriormente foi executivo do Itaú por 8 anos, onde ajudou a criar a área para empresas do banco.

Os dois compartilharam suas visões e algumas dicas sobre como os empreendedores podem se preparar melhor para o período que está por vir, e você pode ler o resumo dessa conversa abaixo. Para quem quiser assistir ao bate-papo completo, o vídeo está disponível no final da página.

Cenários, cenários e cenários

Os dois especialistas concordam que o primeiro ato é cuidar dos seus colaboradores e garantir que eles estão seguros e saudáveis física e mentalmente. Depois disso, é necessário se planejar e mapear tudo que pode acontecer. “O que você não quer é ser pego de surpresa. Crie cenários, desde aquele que vai ganhar menos, o que não vai ganhar nada, ou que vai perder parte da receita que você já tem. Conforme cada cenário, você avalia como vai agir, se vai precisar economizar em marketing, diminuir time de vendas, pausar projetos. Desenhe e considere cenários ruins”, afirma Manoel.

“Pense até em panoramas de fechamento da empresa. Eu tenho como pagar todos os direitos trabalhistas dos meus funcionários? Eu tenho esse caixa? Meu conselho é garantir o que você controla e não esperar ajuda do governo ou de outros. Prepare-se para o pior, mas ao mesmo tempo continue otimista”, segue Rodrigo.

A principal preocupação neste momento é garantir caixa pelo máximo de tempo possível. Uma das primeiras ações da RedPoint eventures em relação à pandemia foi fazer um plano emergencial para cada uma das 48 empresas em que investe. Analisando quais eram os gastos essenciais, quais custos poderiam ser economizados e quais seriam os impactos imediatos. “A gente vai passar por uma onda de turbulência e crise muito grande. Ninguém tem muita certeza do tamanho e duração. As startups precisam de fôlego. Caixa é fôlego para atravessar essa onda”, completa Manoel.

Freio nos investimentos

Os dois convidados também concordam que o mercado de funding não vai parar, mas vai ser mais raro ocorrerem rodadas 'normais' de investimento, pois tudo está sendo reajustado. “Todo mundo vai ficar mais exigente. Nos três primeiros meses, vai ter pouca atividade. Óbvio que terão aqueles que a crise colocou numa posição interessante. Mas os fundings estarão preocupados com suas empresas de portfólio. Vai diminuir a oferta de investimentos. Você pode assumir que o próximo ano será mais difícil que o anterior”, afirma Manoel.

Quem tem mais chances de se beneficiar são negócios que podem resolver problemas grandes e imediatos. “Muitos dos problemas que mercados grandes do Brasil têm não vão desaparecer. É capaz até de aumentarem. Educação, saúde, pagamentos, tudo isso vai precisar de mais soluções. Isso é oportunidade para empreendedor e investidor”, analisa.

Mudanças e oportunidades

É inegável que a pandemia mudará mercados e hábitos brasileiros. Rodrigo Dantas acredita que o mercado imobiliário corporativo, por exemplo, vai sofrer uma grande transformação, pois as empresas estão percebendo que não precisam mais de tanto espaço. Outra expectativa é uma aceleração de todos os processos remotos. “Vejo a escola das minhas filhas se adaptando com aulas digitais. O mundo estará mais preparado para o digital. Quem chegar do lado de lá da onda, encontrará um mundo diferente”, diz Manoel.

A crise pode ter um impacto no preço da mão de obra qualificada em tecnologia, o que significaria uma oportunidade para alguns empresários. Porém, os especialistas alertam que é necessário ter calma antes de sair investindo em profissionais que foram dispensados. “Se a startup acreditar que tem dinheiro para trazer um talento demitido agora, faça. Isso só não pode te dar problema em médio prazo. O mais importante é garantir o caixa. Talentos sempre existirão e este momento deve dar uma desaquecida nos salários”, conta Rodrigo.

Lições

Mas e aqueles empreendedores que estavam se preparando para lançar sua startup no mercado antes dessa turbulência começar? Mais uma vez, a dica é analisar o cenário atual e o quanto teria de fôlego para entrar neste mar agitado. “O grande ponto para quem está começando agora é se ajuda alguém durante a pandemia ou não. Se atacar um problema de logística, por exemplo, segue em frente. No geral, eu esperaria um pouco mais para começar, quando conseguir ver o começo da retomada. A gente tem no Brasil uma capacidade de se recuperar rápido”, indica Rodrigo.

“Algumas das maiores empresas de tecnologia surgiram em crises. Elas salientam alguns problemas e as pessoas têm que achar uma solução e mudar comportamentos. A crise sempre muda comportamentos. 'Ah não gosto de home-office'. Agora não tem opção de não gostar. Com isso, surgem novas oportunidades. Sempre há espaço para começar uma nova empresa, desde que você tenha condições. Só tenha cuidado para não achar que o dinheiro estará disponível imediatamente. A crise gera problemas novos e você tem que resolver problemas reais”, conclui Manoel.

Confira a live completa abaixo:

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