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História da startup

Ações para tornar o ecossistema de startups mais diverso e inclusivo

Escrito por: André Barrence, Diretor do Google for Startups, América Latina
Google for Startups + Instituto Vamo Que Vamo

Quando o assunto é o ecossistema de startups, diversos fatores se conectam a ele: crescimento econômico, tecnologia, inovação e liderança. Ao longo de nossa trajetória, nós do time do Google for Startups no Brasil, sempre apoiamos e assistimos de perto os resultados econômicos positivos pelos quais torcemos para que o universo de startups alcançasse.

Olhando apenas para as mais de 300 startups que já passaram pelos nossos programas de aceleração, elas levantaram mais de 45 bilhões de reais em investimento e geraram mais de 25 mil empregos, contribuindo para o desenvolvimento da economia brasileira. As startups, que fazem parte de um ecossistema de empresas de tecnologia, representam uma parcela crescente do PIB nacional e da América Latina. No Brasil, por exemplo, de acordo com os dados de 2021 do Latin America Digital Transformation Report, as empresas de tecnologia representaram 4,5% do PIB.

Apesar do grande crescimento, ainda observamos como o ecossistema ainda é pouco diverso e inclusivo, principalmente no que diz respeito às diversidades raciais e de gênero. A pergunta "o que fazer para influenciar positivamente a diversidade no ecossistema?" se tornou o nosso impulsionamento central.

A partir disso, começamos a oferecer cada vez mais programas voltados não somente à aceleração de startups, mas também à criação de uma comunidade de startups mais diversa, inclusiva e equitativa, o que representa para nós um mercado saudável. Alguns exemplos nos trazem muita satisfação - como a turma do Accelerator, formada 100% por startups lideradas por mulheres, e o Black Founders Fund, a iniciativa do Google for Startups para investir recursos financeiros, sem qualquer contrapartida ou participação societária, em startups fundadas e lideradas por empreendedores que se autodeclaram negros e negras no Brasil.

Como parte dessas ações, vimos diversos resultados afirmativos surgirem bem próximos a nós, dentro da nossa própria comunidade. Das startups da nossa rede, 88% possuem mulheres em cargos de liderança, 58% delas contam com pessoas negras em posições de liderança e 53% delas têm pessoas da comunidade LGBTQIA+ ocupando cadeiras de liderança.

Porém, apesar de termos ótimos números em relação à diversidade e inclusão, sabemos que esta não é a realidade de todo o ecossistema brasileiro de startups. E pela minha experiência, não só no Google, mas como homem negro que atua em tecnologia há algum tempo, sei que o ponteiro que menos mexeu foi o de diversidade racial.

No ano passado, em uma pesquisa realizada pelo Google for Startups em parceria com a Kantar, avaliamos a percepção das startups quanto à evolução de algumas dimensões do ecossistema de tecnologia nos últimos 5 anos. O resultado, disponível no Relatório de Impacto que publicamos em 2021, indicou, no entanto, que alguns fatores já conhecidos não evoluíram como gostaríamos. Dois se destacam entre eles: a diversidade - seja racial ou de gênero - e a disponibilidade de talentos qualificados e diversos para trabalharem em posições diretamente relacionadas à tecnologia.

A pesquisa, apesar de levantar pontos de atenção importantes, tornou-se uma provocação - afinal, sem talento e qualificação adequada, não temos empresas de tecnologia. E sem diversidade também na área de programação e desenvolvimento de software, não temos um mercado saudável.

É impossível que empresas de tecnologia cresçam sem talentos qualificados, diz André Barrence.

Olhando a realidade do Brasil, a questão da qualificação ainda ganha outros agravantes, afinal, não se trata de uma questão de ausência de talentos. O que vemos são evidências da falta de acesso a oportunidades de formação em carreiras de tecnologia. Neste caso, o desafio é ainda maior para mulheres e pessoas negras, que representam uma parcela significativamente menor do grupo de talentos.

Uma ação, várias frentes

Focados em ajudar a endereçar esse problema social que ganhou tanta visibilidade nos últimos tempos, estamos lançando um programa em parceria com o Instituto Vamo Que Vamo, que apoia pessoas negras, enquanto elas se formam para exercer uma carreira relacionada a desenvolvimento de software, com uma ajuda de custo para facilitar a dedicação aos estudos.

A ação dará suporte financeiro, durante todo o ano de curso, por meio de uma ajuda de custo que cooperará para que os beneficiários se dediquem integralmente aos seus estudos. Além disso, os selecionados também contarão com apoio psicológico e treinamentos adicionais ao escopo padrão do instituto. Assim, eles vão aprender a trabalhar com as tecnologias do Google, além de serem conectados com nossa rede de startups.

O foco é que os resultados não demorem a surgir e que esses jovens consigam um novo emprego ainda mais rápido, para assim transformar suas vidas e as de suas famílias. Se olharmos somente para as startups que já passaram pelos nossos programas, conseguimos mapear pelo menos 500 vagas abertas e a nossa intenção é conectar os novos talentos formados com as startups da nossa rede.

Pensando em impacto econômico que acontece rapidamente, o histórico de formação de profissionais do Instituto Vamo Que Vamo nos deixa esperançosos. Ele nos mostra que em até 90 dias após a formação completa, 92% dos estudantes já estavam empregados na área.

Seguimos aliados a uma vontade inspiradora de mudança e progresso, entusiasmados em ajudar a impulsionar as mudanças e em busca de um ecossistema com mais equidade e inclusão.

Para mais informações sobre o programa de apoio à formação de desenvolvedores negros, é só clicar aqui.

Saiba mais sobre o Instituto Vamo Que Vamo