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História da startup

Jovens cariocas da Cuponeria trazem a cultura de cupons ao Brasil

Homem e mulher sentados em bancos em uma cozinha. 00:00

A palavra “cupom” apareceu pela primeira vez no dicionário inglês em 1822. Contudo, a estratégia de marketing só ficaria realmente conhecida em meados de 1930, com a Grande Depressão nos Estados Unidos e escassez de produtos que, consequentemente, fez com que os estabelecimentos adotassem o cupom como uma forma de atrair clientes. Na década de 90, eles se popularizaram de vez, principalmente com a chegada do comércio eletrônico. No Brasil, o movimento demorou um pouco para mostrar adesão, o que indagou e estimulou a jovem Nara Iachan.

Acostumada com a cultura argentina – onde viveu na adolescência – de distribuir cupons até mesmo nas contas de luz, notas fiscais de farmácia ou na faturas do cartão de crédito, Nara viu uma lacuna e uma oportunidade em 2012, quando cursava economia no Brasil. Aqui, ninguém estava acostumado com essa prática – nem os consumidores, nem os estabelecimentos. Enquanto isso, só nos Estados Unidos, em 2011, 312 bilhões de cupons haviam sido distribuídos. Nara resolveu se juntar com seu então colega da faculdade, Thiago Brandão, e criar um blog para disponibilizar cupons de desconto. O endereço on-line continha apenas cinco ofertas de restaurantes de Copacabana, no Rio de Janeiro, e cada campanha de cupons custava cerca de 200 reais por mês. Parecia algo simples, no entanto o negócio logo fez sucesso.

Pouco a pouco, o blog se transformou no MVP (produto viável mínimo) da empresa, que viria a se tornar a Cuponeria, uma startup que oferece um serviço de mídia de performance – isto é, com preço variável de acordo com o objetivo esperado: cliques, leads ou visualizações – para o varejo offline por meio de cupons de desconto para os usuários.

Startup renovada

Como o blog começou a ganhar força e moldar uma startup, Nara e Thiago logo notaram que precisavam de uma força a mais para profissionalizar a plataforma. Sem grandes conhecimentos na área de TI, encontraram então seu terceiro sócio, o programador Lionardo Nogueira. A chegada de Lionardo foi importante para o desenvolvimento da tecnologia do aplicativo da Cuponeria e a inclusão de recursos como a geolocalização, que permite o envio de cupons de acordo com o local e a preferência do usuário. “A gente trabalha muito a questão de entregar o cupom certo para a pessoa certa”, garante Nara.

Com a profissionalização da plataforma, a Cuponeria  começou a atender empresas de diferentes segmentos, que vão de redes de fast-food a e-commerces e indústrias, e bateu os 200 mil usuários em 2015. Entretanto, com o passar do tempo, a avaliação do aplicativo da Cuponeria estava baixa, e os sócios decidiram tirar a plataforma do ar. A virada de chave foi em 2015, quando foram selecionados para o programa Google for Startups Accelerator (na época, Launchpad Accelerator), no Vale do Silício.

Após serem aprovados e darem início às conversas com especialistas, a primeira grande mudança foi em relação às funcionalidades da plataforma. Com a ideia de apresentar um aplicativo completo, o time ouviu de um dos mentores: "Por que vocês não querem ser simples para o usuário?".

Em outra ocasião, durante a avaliação da identidade visual da empresa, Nara lembra do instante em que concluíram que as cores da Cuponeria não retratavam o conceito de desconto no Brasil. Ao fim da viagem, os empreendedores – além de terem uma nova cara para a marca – estavam renovados em relação à startup e mais dispostos a entender as necessidades dos clientes.

Melhor aplicativo do ano

No ano seguinte, a Cuponeria foi selecionada para fazer parte da primeira turma do Programa de Residência do Google for Startups no Brasil. Durante os seis primeiros meses de atividades, o time teve a chance de aplicar todo os aprendizados adquiridos no Vale do Silício. Nesse espaço de tempo, o compartilhamento de experiências com os demais residentes ajudou também a acelerar a descoberta de soluções para diversos processos. Segundo Nara, essa troca com outros empreendedores é um atalho para muita coisa.

O conhecimento da tecnologia do Google Play e o aprendizado adquirido ao longo das mentorias impulsionaram a reformulação do app, cuja nota saiu de 3,2 para 4,5 estrelas e ainda ganhou o prêmio de melhor aplicativo do ano de 2016. Desse momento em diante, o time passou a adotar cada vez mais produtos do Google, como o Google Cloud, Firebase, Analytics, Google Apps e as ferramentas de produtividade do GSuite.

Pouco antes do Programa de Residência, a equipe contava com quatro pessoas e uma base de 450 mil usuários. O crescimento é tão representativo que hoje a empresa emprega 30 funcionários e atende mais de seis milhões de consumidores e mais de 1 mil marcas. Além disso, a receita anual do negócio dobrou logo após a participação no programa. Para o futuro, a startup almeja expandir sua atuação para mais segmentos e outros estados do Brasil.

Da ideia de popularizar o acesso a cupons de desconto à confiança nas primeira iniciativas do Google for Startups, o saldo que fica é o de clientes satisfeitos e de uma equipe motivada. “Esse acompanhamento foi fundamental para a gente parar e olhar mais para o usuário e, assim, repensar o nosso negócio do zero. A gente redesenhou o aplicativo, redesenhou layout e facilitou muito a experiência do usuário”, afirma Nara. “Acreditar na ideia é importante, mas ter este sentimento de que a gente não está sozinho é o que dá força para irmos mais longe”, complementa Thiago.

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